29.8.14

A culpa essa madrasta malfadada

Esta noite acordei culpada, não vi o grilo mas sei que esteve por lá. Ainda o chamei para ver se para além de me alertar para os problemas, vá. questões, me dava uma mão mas soluções. Não deu, conclusão deu-se-me sim para a insónia, mas não fez mal que já eram 6 da manhã.

A culpa é como uma madrasta má que até nem desgosta de nós e que só quer o nosso bem mas nunca nos vai ter o amor de quem nos colocou cá para dentro disto e que não anda cá com paninhos quentes, não usa eufemismos, não nos dá palmadinhas no cocuruto da cabeça.

Às vezes a malvada nem aparece logo, deixa passar uns tempos e chega de mansinho, quando se dá por ela estamos nós e a culpa engalfinhados como que numa bola de neve a descer uma montanha.




Cresci a acreditar piamente que o esforço, a acção, a proactividade levavam ao sucesso e não sendo o único caminho para o alcançar era um caminho certo.

Cresci a esforça-me, a trabalhar, a querer sempre fazer o melhor que conseguia, nunca quis ser melhor que ninguém, de resto não sou de todo uma pessoa competitiva, talvez por medo das derrotas, tal como não sou uma pessoa capaz de odiar convicta e nitidamente, talvez por falta de coragem de fazer frente. Ainda estou para descobrir se quando dou a outra face não a dou muitas vezes só por fraqueza.

Mas apesar de não querer ser melhor que ninguém, sempre quis ser melhor do que era. Melhor pessoa, mas coerente, mas esclarecida, mais capaz.

Entretanto à medida em que os anos foram passando a minha crença de que o esforço levava ao sucesso foi perdendo força, de resto a minha concepção de sucesso também mudou.

O esforço pode levar ao sucesso mas não é nenhuma receita digna de chefe de cozinha assim à partida, se calhar sempre foi assim, não sei e eu é que era ingénua para o perceber e acreditei num mundo que nunca existiu.

Porém era melhor nunca ter perdido essa convicção tão estruturante porque quando a perdi, perdi muitas outras coisas, nomeadamente quota parte da esperança, 1/3 da motivação, 1/4 do espírito de sacrifício, 1/2 da responsabilização.

Hoje considero que a possibilidade de sucesso é composta por 50% de esforço, 50% de sorte, isto sem ter em conta todas as variantes que definem o que o nosso esforço pode alcançar face ao contexto em que nascemos inseridos, mas principalmente sem ter em conta as variantes relativas à "quantidade de sorte" que podemos ter.

Voltando à culpa, uma das tipologias que nunca me larga é a culpa por não estar a fazer a minha parte, a tal que vale 50% e que se não for feita vai desfavorecer a sorte.

Bem esta noite dormi mal mas podia ter sido pior, foi só a culpa que me abanou o ombro, qual madrasta, mas no caso materializada em grilo e que me disse:

- Vê lá se atinas, fia-te lá na sorte, deixa-te ficar á sombra e depois fica a chorar no leite derramado para ver se eu me importo.

Bem o que é para mim ter sucesso? ter um trabalho onde seja respeitada, ter uma casa arrumada, uma família que adora os nossos jantares, ver o mundo quer seja a partir de uma cama de dossel, quer de uma tenda num parque de campismo com baratas, entre outras coisas.

Para mim ter sucesso é ver-me ao espelho é constatar que nunca deixei de lutar por ser um ser pessoa melhor e parecendo que não dá tanto trabalho como construir um império e requer 100% de esforço sem tréguas, sem feriados ou férias, sem 13 mês, é uma exploração obscena!






27.8.14

Loiro, moreno, careca, cabeludo, policia, ladrão soldado, anão, alto, bonito, feio, gordo, magro, burro, inteligente, sem coração?


No outro dia ia no metro, estavam 3 pessoas ao pé de mim. Um casal na casa dos 40 anos,  com a filha adolescente com uns 17 pelo menos. Bem vestidos, o sr de fato,  sra elegante,  filhaa na modaa, um classica família de bem.

Pátáti e entretanto entra um grupo de pessoas na carruagem, uma delas, um rapaz jovem com um ar tímido, pouco mais velho que a rapariga filha do casal, com provavelmente mais de 2 metros.

A rapariga que o vê 1º ao longe comenta - Hi! que rapaz gigante! - alto e a bom som, cheia de entusiasmo como se estivesse no jardim zoológico a ver um macaco a coçar o rabo.

Ao que os pais respondem:

- T-chi pois é!

O grupo não tendo outro espaço onde ficar, veio justamente encostar-se o lado do banco onde estava eu e estas criaturas.

Portanto não sendo para além de alto, surdo, muito provavelmente apanhou alguns laivos do dialogo que se seguiu entre os elementos desta linda família de classe média, tão educada, tão à 1ª vista respeitável.

O teor da mesma baseou-se nisto:

Deve ter 2 metros! Não! tem mais, deve ter 2 metros e 10 para ai. Já repararam nas mãos? Até bate com a cabeça no tecto!

Entretanto chega a altura do grupo sair, pela porta por onde tinha entrado, passando outra vez pela rapariga, a qual muito assustada remata o tema com:

- Ai até me vou encostar se não ainda sou esmagada se cai para cima de mim!

Apreciações sobre o acontecido:

Situações destas o mundo tem mais do que todas as formigas juntas num formigueiro, presencia-las ao vivo e a cores é sempre surpreendente para seres humanos a tender para o mentalmente são, de carácter bem formado.

Consigo conceber adolescentes que nutrem muitas vezes pouca empatia efectiva pelos outros, que sejam insensíveis e indiscretos, acho que em maior ou menor grau faz parte da etapa da vida em que se encontram, onde o mundo gira à sua volta, o seu sofrimento é o mais pulsante do mundo e a frustração com o cosmos maior do que eles próprios, um mundo onde todos os seus desejos devem caber e onde se aspira sofregamente à perfeição.

Custa-me aceitar que muitos desses adolescentes nunca vão evoluir para pessoas decentes, tal como os pais da rapariga não evoluíram pelo menos no que concerne ao respeito pelos outros.

Pessoas decentes adultas evitam comentar levianamente pessoas no geral, e nunca o fazem a alto e a bom som sem filtros num espaço público e sem as conhecerem.

Pessoas adultas decentes não são crianças, e quando vêm uma coisa fora do comum, sabem controlar-se, não abrem a boca, não soltam onomatopeias, não ficam hipnotizadas, vêm e digerem, continuam a sua vida sem interferir com a existência do que lhes causou estranheza. Porque de resto como todos sabemos primeiro estranha-se, depois entranha-se e se esquece porque se estranhou.

Pessoas adultas decentes nunca apontam e nunca tiram fotografias a pessoas com o que quer que seja, que não seja tão comum de se ver.



Pessoas adultas decentes quando os filhos fazem apreciações infelizes ou acções mal educadas, insensíveis ou desrespeitadoras, corrigem-nos. Explicam a razão de ser de estarem a inibir o comportamento. Apelam ao respeito pelos outros, ao bom senso, à empatia. Fazem uma pergunta: - E se fosses tu?

Pessoas adultas decentes sabem que os outros têm sentimentos, traumas, inseguranças, problemas, alguns já resolvidos outros por resolver e que um comentário irreflectido, arremessado sem querer até , de animo leve, pode fazer doer tanto como uma facada, pode minar a pouca confiança que a pessoas têm, pode ter repercussões que não imaginamos, por isso engolem o comentário que lhes assolou o espírito e continuam a sua vida decente.

Pessoas adultas decentes se querem fazer algum comentário mais superficial ao qual não conseguem resistir, sobre alguém porque até as pessoas decentes são imperfeitas, esperam pelo menos que a pessoa já não as possa ouvir.


Segue um artigo sobre um rapaz chamado Jonathan Novick tem 22 anos e possui um tipo de nanismo e que gravou momentos do seu dia para mostrar como é viver na sua pele.








Bem o que se conclui é em todos os sacos feitos de pele onde bate um motor chamado coração vive uma pessoa. E as pessoas são todas diferentes de nós mas também são exactamente iguais.

E um dia calha a todos a circunstância em que o -E se fosse eu? não se coloca porque somos nós.



25.8.14

A beleza vende o que a ignorância quer comprar

Perante a beleza o discernimento é cego. E para o belo indelineávelmente se tende.

A criança bonita recebe mais atenção, o cão bonito é o 1º a ser adoptado, a mulher bonita até pode ser débil mental no que à sua índole diz respeito, que a beleza faz disso um pormenor.

A adolescente bonita tem preferência por parte dos professores e o ensino é tão cego como a justiça, a jovem adulta atraente de peitos salientes é mais pessoa que as outras. Os seus sentimentos importam mais, o tom de voz é tão melodioso, a maneira como pisca os olhos...oh que sumptuosa!

O carácter de uma pessoa não está na maneira como trata o bonito, mas na forma como trata todos os outros.

Mas entretanto fazem-se extensas ovações à beleza, prolongadas odes aos belos, orquestras inteiras clamam aos céus a superioridade dos lindos.

Um dos seres humanos mais desprezíveis que já conheci era um dos mais bonitos, dentro dos meus standards vá mas não só. Tinha uns olhos bonitos, uma boca bonita, um nariz bonito, um perfil bonito, um cabelo bonito, um corpo bonito, muita era a boniteza de quase criatura talhada na pedra.

Tinha também uns olhos pérfidos, um nariz arrogante, uma boca cínica, um perfil de hiena, um cabelo de óleo fula, passo a publicidade (não patrocinada hã!) um corpo de monstro papão que leva as crianças num saco se não comerem a sopa, para lhe irem pentear os cabelos escorregadios antes de dormir. Meninos ponham-se a pau!

A sua falta de carácter é consensual, o seu tom semelhante ao sibilar de uma cobra angustiante para todos. Prejudicou muitos, foi fodendo a vida a outros tantos. A uns maltratou directamente (e continua a maltratar?) a outros por proximidade aos primeiros.

Faz um post no facebook tem 50 gostos numa hora. Ai que linda. És tão bonita! Fofa temos de ir tomar um café! Querida há quanto tempo, estás cada vez melhor! Põe mais fotos! Bem que podias pôr essa foto mais logo, que agora não dá jeito.

Volto a frisar, a má índole é consensual, a beleza também.
Quem ama o bonito, do resto se esquece.

Achei-a bonita durante muito tempo, já não acho de todo. Também escolhi o livro pela capa, mas já a rasguei e agora restam folhas de histórias de dias em que vi que a beleza não traz felicidade. Que uns olhos meigos podem ser maus, que uns lábios suaves podem ser venenosos.




20.8.14

O dia em que percebi a solução

Este dia já se deu à uns tempos, à uns meses, poucos mas melhores. Foi num dia como os outros, nasceu o sol de manhã, acordei eu, para ainda mal dos meus pecados às vezes, para mais um dia na minha vida e aconteceu, percebi a solução, óbvia de resto, para um dos problemas: o de me sentir oprimida pelas minhas próprias coisas, pelas minhas recordações feitas em objectos, pelos erros que cometi materializados em objectos, pelas coisas que não têm serventia, consumadas em objectos.

A solução foi diminuir, deitando fora, oferecendo ou simplesmente colocando alhos com alhos separados dos bugalhos em sítios apropriados, diminuindo a poluição visual tão pão nosso de cada dia desde que me conheço.

Comecei a gostar do branco como nunca gostei, comecei a gostar do que é fluido e natural como nunca tinha gostado.

Deitei fora papeis, muitos papeis, passei revista nas revistas e escolhi o que me interessa, na verdade muito pouco até.

Arrumei pijamas com pijamas, de manga comprida e curta, bonitos e feios, quentes e amenos, e percebi que tinha muitos e que não precisava de mais.

Comecei a pensar na roupa. Um dia quando sair definitivamente de casa, ainda só saio por turnos, onde é que vou pôr a minha roupa toda que ocupa o espaço de 3 pessoas? Porque é que tenho a roupa de 3 pessoas? Mas que raio de obsessão diabólica essa pela roupa. (Ainda não me tentei exorcizar dela, mas acredito que vai acontecer)




Dei coisas que já não faziam sentido nenhum para mim, algumas accionavam inúmeros botões que já deviam ter sido arrancados do comando à muito tempo.

Percebi que tinha imensa coisa que não usava e que fui acumulando para usar ninguém sabe quando. Mas agora estou a usa-las, quero dar cabo delas, antes que elas dêem cabo da minha cabeça pesada.

Fui lendo e continuo a ler relatos de outras pessoas sobre a necessidade que sentiram nas suas vidas de simplificar, muitas falam de como é libertador, apaziguador, reabilitante, e de facto constatei que é verdade.

Cada coisa de que me desfaço, cada coisa a que decido dar um rumo é como que um nó que desfaço, ou melhor como uma pedra que tiro da mochila que sempre senti que carrego às costas, a mochila onde se leva a vida que nos calhou viver, e que todos carregamos todos os dias na verdade.

Provavelmente existe quem nunca vá sentir a necessidade de simplificar, ou quem nunca descubra que o ter, ter e mais ter era um dos problemas, que um problema nunca vem só!

Para mim a certa altura tornou-se claro que o era e bem estou a lutar contra ele, esse tal de "ter", já ganhei algumas batalhas, e conto ganhar a guerra, agora se calhar devia ir ali apagar umas newsletters diabólicas...

19.8.14

Sobre como Londres cumpriu as expectativas

Este ano fui a Londres, foi uma viagem muito ambicionada que acabou por ir sendo adiada nos anos anteriores e substituida por destinos mais em conta.

Tinha muita curiosidade em conhecer uma das cidades "centro do mundo", se bem que é certo que todas as cidades são o centro do mundo para quem lá vive.

Esteve à altura das minhas expectativas em todos os aspectos. A heterogeneidade das pessoas é bonita de se ver, a beleza da diferença está por todo o lado, em todos os traços faciais, modos de vestir, modos de viver, se bem que esses não são perceptíveis numa abordagem meramente visual.

Tenho pena, de resto sempre que viajo, de não ficar mais tempo, para poder perceber melhor as coisas, as diferenças culturais, as nuances das pessoas, os aspectos positivos e também os negativos da sociedade. Uma semana não permite grandes avaliações, nem nenhum tipo de compreensão efectiva das coisas, mas é infinitamente melhor ir viajando assim do que não ter nenhum contacto com o mundo e sempre se assimilam coisas novas, se vêem coisas diferentes, se percebe que existem mesmo outras maneiras de fazer as coisas, formas de viver, formas de encarar.

Mas fundamentalmente viajar permite passar um tempo fora da nossa realidade, simplesmente à descoberta e isso é revigorante.

Bem seguem as minhas impressões sobre Londres:

O DESIGN

Uma das coisas que mais me chamou à atenção, defeito de profissão, foi a qualidade do design gráfico. Não existiam coisas mal feitas nem sequer razoáveis, tudo pendia entre o bom e o muito bom e tenho pena que cá não seja assim, mas acredito que a sensibilidade por parte das pessoas vá aumentar e que daqui a uns anos cidades com fachadas de lojas a parecerem mansões do terror só existam em fotografias.
Gostei particularmente de uma campanha institucional do metro, com base em ilustrações, e sobre os deveres cívicos relacionados com a utilização do mesmo.




 OS SUPERMERCADOS

Os supermercados também me deixaram um bocado maluca. De tão bonito o packaging das coisas fazia-nos parecer que estávamos num museu e não num supermercado. A quantidade de oferta de comida confeccionada ou pré-feita também era demonstrativa de que em Londres não se cozinha muito e a nós deu-nos muito jeito, visto que conseguimos fazer boas refeições, mais ou menos diversificadas, comprando essa comida a preços bastante aceitáveis dentro da nossa portuguesa realidade, já que comer em restaurantes não sendo impossível, tendia no geral para o inviável dado o custo de vida lá.



OS MUSEUS

Os museus são surpreendentes quer ao nível da arquitectura dos edifícios, quer ao nível do seu espólio.
Destaco o Museu da Ciência pelo seu carácter interactivo, por consequência extremamente lúdico e pedagógico em simultâneo, sendo que os conteúdos, alguns deles naturalmente complexos, eram facultados no geral de formas que se tornavam bastante compreensíveis e que divertem e ensinam tanto crianças como adultos.

Mas todos os que visitei sem excepção, apenas alguns dos principais, valeram muito a pena, e apresentam uma enorme vantagem em relação aos nossos e a outros por ai fora, as exposições permanentes na maioria dos grandes museus são gratuitas para todos o que significa que a cultura está acessível indiscriminadamente e isso é aplaudível.




O METRO

O metro surpreendeu-me, visto que é bastante antigo, fez em 2012, 150 anos. As estações no centro por onde passei são bastante pitorescas e isso foi inesperado, porque associamos em Portugal a tecnologia do metro a tempos recentes, a arquitectura é contemporânea e quando se viaja está-se mais ou menos à espera de ver mais do mesmo.




A NATUREZA

Outra coisa de que gosto sempre muito é de ver animais, nomeadamente aves que nunca vi, e nos parques de Londres há varias e claro esquilos, verdadeiros anfitriões da cidade.

O tempo é um ponto a desfavor, embora uma pessoa até lide bem com ele porque não tem outro remédio e até comece a apreciar levar com uns pingos de chuva, pingos esses dos quais os nativos no geral não fogem porque vão sendo pontuais e passageiros ao longo do dia, (fomos em pleno Verão) e tal como os nativos, deixávamos chover e continuávamos o nosso caminho sempre com muita esperança.

Depois de Barcelona, Londres é até agora a segunda cidade em que gostava de experimentar viver, era bom que um dia desse.


Uma nova vida ao alcance de um...

Estava triste, desalentada, já não sabia para onde olhar, estava a tornar-se cada vez mais desconfortável...o tempo não passava, a sensação de repetição estava a tornar-se insuportável, quando me dei por vencida e me resignei à minha sorte de não poder passar sem ele, encontrei a resolução e andar de metro nunca mais foi a mesma coisa!

Comprei um tablet, a medo, quase que por impulso, o que não é meu apanágio, se bem que já planeava perder a cabeça à uns meses, eu que andava saturada de virtualisses no geral. Quase que me senti culpada, quase que pensei, mas esta porcaria nem vai servir para nada!

Bem serviu, é quase o novo amor da minha vida. Quase que penso nele a todas as horas, quase que nem o largo, quase que já nem durmo...bem pensando melhor, estou mas é apaixonada.

Ele apaixonou-se por um sistema operativo, eu por um gadget. Ele dá para ler, ele dá para jogar jogos, ele dá para ir à net e aceder ao mundo, ele dá para escrever, ele dá para fazer listas de compras, ele serve de agenda, tem apps infinitas de tudo o que se possa imaginar, algumas delas realmente bem concebidas, acabei de fazer download de uma de meditação acompanhada para principiantes na arte. Continuando, ele cabe na mala e não pesa mais que um livro, bem ele dá para coisas infinitas.

Conclusão um tablet é um universo, e desde que o tenho colmato os tempos mortos como ninguém, leio o triplo de conteúdos aos quais só podia ter acesso pelo computador (caso dos blogs), no qual já achava à algum tempo cansativo ler, de resto depois de passar o dia à frente de um e de facto era para isso que o queria para ler mais as coisas de que gosto.


Escolhi sem grande pesquisa (com a ajuda do meu namorado que geralmente não me deixa ficar mal,
excepto no último telemóvel que me recomendou, não é namorado?) um dos equipamentos mais baratos do mercado, se bem que de uma marca reconhecível, aqueles que experimentei de insígnias lowcost eram bastante inferiores logo à partida pela sensibilidade do écran, qualidade que representa a 1ª coisa a ter em conta quando queremos um aparelho do género.

Pensei em aderir a um serviço de internet móvel, mas percebi felizmente a tempo que acabava por se tornar desnecessário quando:

1- Cada vez mais sítios disponibilizam acesso wifi gratuito: centros comerciais, jardins, cafés, mesmo o metro e por enquanto só nas plataformas, mas ao que parece em breve também nas carruagens, pelo que é de ir aproveitando

2- Com a adesão a tarifários domésticos, algumas empresas facultam o acesso gratuito a hotspots das mesmas o que permite aceder á net a ainda mais sitios gratuitamente quando estamos fora de casa

3- Existem apps, uso uma chamada pocket, que permitem o acesso a conteúdos de modo offline, retirados de onde se quiser, blogs, sites...que foram online carregados nessas apps a partir de um agregador de feeds, utilizo o feedly.

Os feeds para quem ainda não sabe o que são, eu confesso que passei mais tempo por conhecer do que devia, constituem uma forma de facilitar a leitura de vários blogs e sites, vendo apenas, num ponto central, o que há de novo em cada um. Mais info aqui http://sites.dehumanizer.com/feeds/pt/

Com estas duas apps associadas o que faço é: quando tenho acesso à net carrego os artigos que quero ler mais tarde justamente para quando não tenho net, ou seja no autocarro, durante a viagem de metro, quando estou em algum sitio onde tenho de esperar sem desesperar e até em casa à noite, porque de momento estou sem internet de forma permanente.

Bem de facto vale a pena ter um, embora tenhamos de como em tudo fazer por ter uma relação equilibrada com o bichinho, e não temos de alocar-lhe uma verba, a de o alimentar com internet paga especificamente para ele no caso de não precisarmos dele para aceder ao email em qualquer sitio e coisas do género que importem, sendo que a ligação permanente ao facebook não é saudável pelo que não deve ser a razão de querermos ter net 24 sobre 24 horas junto de nós.


11.8.14

COMPRAR VS SALVAR ou como adquirir tem menos valor do que amar

As coisas são objectos inanimados dos quais nos servimos pelas mais diversas razões. São sapatos, malas, frigideiras, livros, escovas de dentes, enfim e tudo o que não respira, não vocaliza, não come, não brinca, não dói.

As coisas são passíveis de serem descartadas, de serem substituidas, de serem dadas. Podemos deixar de gostar de uma coisa de repente, deita-la fora e arranjar outra, a coisa não vai passar fome, não vai ter frio, não vai ficar doente e morrer, vai continuar impassível na sua qualidade de coisa, coesa, resiliente, insensível.

Um animal não é uma coisa, é uma entidade viva com necessidades básicas tal como as pessoas. Não vive sem comer, sem beber, sem abrigo.

Um animal ao ter-se tornado doméstico, e assim se tornou por nossa responsabilidade, precisa de nós.

Existem pessoas, toda a gente sabe, que adoptam ou compram animais domésticos e posteriormente os abandonam, porque afinal não dá jeito, porque, então e nas férias vamos estar a por-nos em trabalhos? Porque afinal estragam coisas, sujam, porque é preciso dar de comer, como é que não pensamos nisso?! Porque agora nasceram uma data deles e como é que a gente faz depois de nos termos fiado na virgem?

Porque afinal cresceu e já não é tão bonito, porque está doente e não dá, porque os miúdos já não ligam nenhuma e já estou farta de ser escrava do bicho, porque ir levar à rua no inverno é super desagradável, porque não tenho tempo para ele, porque já não está na moda e continua a babar-se imenso.

Pessoalmente só consigo conceber uma razão para colocar um animal fora da nossa família, um animal que a certa altura decidimos ter deliberadamente, não ter comida para lhe dar.

Infelizmente mais do que conseguir conceber isto, tenho a certeza que há muita gente que não concebe, mas sim, não nascemos todos com berço, não nascemos todos com segurança, existem pessoas para quem as coisas podem torna-se piores do que já foram, existem pessoas para quem as coisas podem ter começado más ou a qualquer momento tornarem-se más. O "sonho americano" não é como o sol.

Para além de questões em que pode faltar dinheiro para alimentar um animal, os casos de doença também são delicados e em certas situações pode ser necessário tomarem-se decisões difíceis, fazerem-se ponderações que todos gostávamos de evitar, mas solucionar mandando para a rua não é digno da nossa condição de seres pensantes com sentimentos.

Enfim dado isto, o que é certo é que existem mais do que centenas de animais em instituições para adopção e das duas uma ou foram abandonados, ou nasceram na rua, o que é certo é que precisam de donos, são vulneráveis e constituem um problema social.

Animais ajudados por pessoas que fazem das tripas coração todos os dias, porque todos os dias é precisa comida, todos os dias é precisa muita coisa. Pessoas como não há muitas.

São gatos e cães, a maior parte sem raça definida, (embora o número de cães de gabarito também não seja de todo insignificante) sem pedigree, sem características de personalidade cientificamente definidas, muitos deles mais saudáveis e com muito menos propensão para muitas doenças do que os animais feitos por medida quase que em linha de montagem. Animais imponentes, de pelo brilhante, inteligentíssimos. Animais de que nos sabe tão bem gabar aos amigos como se fossem iguais à televisão topo de gama que temos na nossa linda sala.

Animais lindíssimos que são mais um material transaccionável, um negócio.

Não tenho nada contra cães e gatos de raça, atenção, gosto de todos os cães e de todos os gatos do mundo, não gosto naturalmente é de todas as pessoas.

Mas em vez de comprarem, adoptem. Bem pelo menos ponderem a questão, quiçá por um que comprem porque querem muito adoptem outro para equilibrar o cosmos.

Outra questão sensível e é muito importante deliberar sobre ela, é sobre se devemos deixar os nossos animais de estimação procriarem. Devemos ponderar seriamente se vale a pena arriscar o nascimento de uma ninhada grande para a qual podemos vir a ter muita dificuldade para conseguir arranjar um lar.

Enfim a questão é: o animal perfeito não existe, a raça pura, por mais pura que seja, tem defeitos, vários aliás. Os animais institucionalizados podem não ter um nome de raça determinada, mas vão ter o nome que lhes derem, vão fazer parte da família, vão ser companheiros de jornada, vão acalmar o nosso espírito, precisam de nós e nós precisamos deles.

A bondade cura muitos males. Todos? E deve ser indiscriminada, vamos lá fazendo por sermos bonzinhos...





























9.8.14

Casar fora da caixa_ostentar está demodé

Fazer de um dia uma passagem especial, selar com um pacto de fidelidade um relacionamento e festejar o marco, afinal é disso que se trata, não deve ter como objectivo a ostentação, o arremeço de poder, muitas vezes falso, a competição com aqueles que o fizeram 1º, ou o despique com os que o farão depois.

Qualquer decisão que se tome com base num orçamento mais ou menos avantajado deve ter unicamente como fim tornar o dia especial, com momentos chave ao redor de uma historia que se espera que seja de amor. Esse reduto de amizade e compaixão, pelo qual se quer prosseguir em conjunto.

O dia de um enlace não deve ter como objectivo espantar a prima, agradar à avó, fazer o que o pai quer, pessoas que realmente gostam de nós para alem de gostarem delas próprias aceitam as nossas decisões, principalmente aquelas que se prendem com a nossa vida, carácter, personalidade. Que se lixem as expectativas dos outros quando forem contra o que é realmente significativo para nós.

Um casamento não é para ser comparado, avaliado, desdenhado, não é sobre os convidados, é sobre festejar as relações bem sucedidas entre as pessoas é sobre festejar pessoas que se ajudam mutuamente, isso é gostar de alguém, é isso que deve ser um casamento, a pompa, a circusntância e o fausto não passam de convenções de classes médias e altas de quem tantos se aproveitam desenvergonhadamente pela desproporção de dinheiro que pedem por tudo o que esteja associado ao fatídico dia para tantas contas bancárias ao redor do mundo.

Existem muitas formas de se fazerem as coisas.

Assim sendo ficam abaixo algumas questões/sugestões para casamentos que são mais sobre nós do que sobre os outros, (embora naturalmente que não queremos que ninguém se sinta mal no nosso casamento), e que implicam não se precisar de uma fortuna para comemorar o amor, essa coisa tão linda:

_ porque não um piquenique?
_ porque não um vestido mais simples? Mais barato, menos de casamento e mais sobre simplesmente estarmos bem, bonitas, airosas?
_ é mesmo necessária uma mesa de queijos e um pavão de fruta tropical?
_ podemos ir para além do tradicional, e fugir ao boquet bonito e comum pelo qual nos pedem um balurdio e fazer um arranjo de flores menos típico mas digno do festejo?
_ precisamos mesmo de oferendar os convivas com lembranças caras que serão uma recordação de fundo de gaveta? Porque não oferecer uma coisa útil?
_  tempos mesmo de nos desdobrar em papelinhos bonitos de papeis caros?
_ é preciso fazer um sol deslumbrante? Só há felicidade quando não chove? não dá para casar no outono?
_ é necessário um carro vistoso? Ou podemos fazer de um carro qualquer um carro de festa?
_ é preciso ser numa quinta luxuriante ou um sitio simplesmente bonito serve?
_ é mesmo preciso convidar toda a gente? faz sentido convidar toda a gente? qual é o objectivo de convidar toda a gente? se tiver sentido que assim seja, se não tiver, vale a pena ponderar a dimensão do casamento que queremos para nós e a dimensão das verbas que lhe vamos alocar
_ vale a pena criar dividas por um dia? vale a pena criar dificuldades adicionais por uma série de meses ou anos em prol de um único dia? Mas indo mais longe ainda vale a pena dispender dinheiro, que nos pode fazer falta,  num investimento que pode vir a fracassar? (isto apesar de claro pouca gente se casar a achar que não vai durar para sempre, se bem que acreditar nisso piamente é naturalmente ingenuo).

Algumas respostas serão categóricos sims para uns, outras manifestamente nãos, de qualquer maneira vale a pena reflectir e deliberar, mas principalmente perceber que um casamento não é sobre impressionar e nenhuma decisão deve ser tomada com base nisso, embora tudo possa ser legitimo, cada caso é um caso e o nosso casamento pertence-nos.

Se temos o sonho de vestir um vestido de princesa, chegar num cavalo branco e ter um bolo com 10 pisos que assim seja, mas que seja porque faz sentido para nós.

MANIFESTO DO DESIGN

E sobre como até fiz coisas interessantes na faculdade
e já nem me lembrava

Fiquei surpreendida quando li, e até me questionei se tinha sido mesmo eu, sabia que o tinha feito, mas não me lembrava do conteúdo. Foi no 3º ano de faculdade, é uma ode ao design que se deve materializar no futuro, mas também é sobre orientações responsáveis para se ir levando a vida.

É um pouco extenso, mas fica abaixo para quem tiver paciência:



MANIFESTO DO DESIGN
O designer do futuro_2010_Lúcia_Custódio

O que somos

So(u/omos) pessoas, com um briefing aberto
So(u/mos) aprendizes de feiticeiro, como quem diz, designers em fase de projecto
So(u/mos) em potencial deuses criadores, mas que nem ao sétimo dia descansam
So(u/mos) comunicadores silenciosos, damos vida aos objectos e incutimo-los de falar por nós
So(u/mos) materializadores de ideias e de sonhos

O que defendemos

1__Nada do que se fizer de novo no design, fecundado e nascido no século XXI, filho do domínio ciência, do nanismo, da arte eloquente e da inteligência artificial, neto do homo habilis e irmão da internet e de um mundo pequenino, deve não ter na sua base a premissa da responsabilidade social.

2__O designer deve fazer mais, não com menos, mas com muito menos. Quanto menor for o gasto em matéria-prima, melhor será o design do e no futuro. Viva à quase desmaterialização do design! Viva á quase desmaterialização do mundo! Que em matéria se tornem só as almas! Viva ao design que é quase nada, sendo tudo.

3__Que se reduza então a utilização de matérias primas, assim como é apodíctico acabar com o flagelo do pão sem sal no mundo, e o de um mundo sem pão!

4__O design deve ser um amigo, deve ajudar-nos, deve compreender-nos, deve respeitar-nos, deve estar ao nosso lado nos bons e nos maus momentos, deve ajudar-nos quando precisamos dele. O bom design, o design do futuro é alguém para quem sorrimos, é um ombro onde podemos chorar. Vamos encher o mundo de amigos, mas que não sejam demais, para que não nos falte tempo para eles.

5__O designer deve fazer do velho novo. Proclamamos que não mais o velho se torne lixo, e que o novo que por obra nas novas tecnologias não provenha do velho, nunca por nunca ser, em lixo se torne! Assim sendo a remanufactura deve estar da base de concepção de todos os objectos criados no fulgor febril e desenfreado do século em que achamos que todos os sonhos irão ter lugar na realidade.

6__O design quer-se frio e quente, bonito e feio, requintado e simples, modesto e extravagante, normal e anormal, verde, cor-de-rosa ou azul, mas nunca vazio, oco, estúpido ou irresponsável! O design quer-se para se viver, se tocar, se sentir e pensar, nunca para se ver apenas! Que  a única peça de design que seja apenas para ver, não seja se não os óculos.

7__O designer deve fazer tudo, tudo mesmo tudo, até bater-lhes se for preciso, fazer-lhes uma moção de censura, declarar-lhes guerra para os convencer, a eles, aos clientes de que um investimento hoje, em matérias e processos sustentáveis, em matérias e processos que não sejam cicuta para o planeta terra, é investir na possibilidade de haver um amanhã,  bem e esperemos que ainda se vá a tempo de se fazer com que esse amanha amanheça com flores…

8__Cantamos assim que todo o design deve ser ecológico, todo o design deve ser sustentável a nível ambiental, todo o design deve ser pensado em prol de causar o mínimo impacto não só na medida do possível como também do impossível.




9__Porém a procura de sustentabilidade deve acontecer não só no que ao ambiente diz respeito, mas também se deve procurar a sustentabilidade a nível humano, cultural, ético e económico.

10__A tecnologia deve ser posta ao serviço do designer e rentabilizada ao máximo por este, porém nunca o designer se deve deixar escravizar pelas potencialidades desta. Deve ser o homem a dominar a matéria com o espírito e não a matéria a dominar o homem, nomeadamente, o Homem designer! Assim sendo, a tecnologia deve ser vista pelos designeres do futuro como a fonte de muitas oportunidades, porém não deve ser sob valorizada.

11_Clamamos também que o designer do futuro irá fazer de todos nós farinha do mesmo amparo, irá juntar todos no mesmo saco, irá fazer do mundo uma maravilhosa sopa da pedra, em que todos os ingredientes convivem em igual harmonia! O designer do futuro trabalhará em exclusivo em função de um design inclusivo! Que ajude a todos, que melhore vidas, que diminua a fragmentação social, que torne menores as desigualdades, que promova uma dignidade globalizada! O designer do futuro tem nas mãos o poder de promover a qualidade de vida, de promover a felicidade de todos! O designer tem a obrigação de amar a todos, de querer a todos o melhor, de querer a todos o que quer a si.

12__Outra coisa, que não vem a propósito de momento, mas não parece que cause mossa. O designer do futuro, esperemos que já amanhã, irá acabar com as paragens de autocarro cheias de sol e cheias de chuva, porque o sol está para a praia, como a chuva está para o inverno, mas nunca ambos se querem nas paragens dos autocarros!

13__O designer do futuro vai exterminar as mesas que só dão para um tabuleiro de fastfood e que tem cinco cadeiras presas ao chão à volta, irá até inventar a cura para a sida! (se por ventura resolver também formar-se em medicina!), e nunca nenhum designer do futuro deixará as pessoas na dúvida sobre se vão entrar na casa de banho certa, tal é o carácter dúbio de alguns pictogramas! E parece-me não existir à face deste planeta maldade mais vil do que suscitar mal entendidos com coisas tão sérias como as necessidades fisiológicas.

14__O designer do futuro deve apresentar soluções para resolver questões colocadas em contextos concretos, sendo que deve procurar conhece-los na sua essência. Experimentando-os e sentindo-os, em estreita proximidade com as pessoas que de facto vivem neles. O designer do futuro deve ser cobaia de experiências científicas em “habitats” que lhe sejam estranhos.

15__O designer do futuro não deve morrer sem visitar um país do terceiro mundo, de preferência, vários. A viagem á lua deve ser trocada em detrimento destas, e é de esperar que ainda tenha largos anos de vida após visitar os reinos da injustiça social. O designer tem o dever de projectar milagres, Deus criou as montanhas mais lindas e as planícies mais vastas mas esqueceu-se de lhes colocar tecto.

16__O designer deve concentrar-se não da beleza das coisas, que é passageira e cultural, logo subjectiva, mas sim na condição humana, e naquilo de que o homem intemporal precisa. O design não deve inspirar ser belo, a beleza deve vir por acréscimo em algo que se quer é efectivamente eficiente.

17__O designer do futuro deve ser um observador exímio.

18__O designer do futuro deve reflectir seriamente sobre aquilo que pensa, sobre os princípios de que parte, sobre o que produz e a forma como produz, assim como também deve ter consciência daqueles a quem influência.

19__O designer do futuro deve repudiar a demagogia desde o fundo do seu âmago.

20__O designer do futuro deve reger-se por elevados princípios éticos, colocando no topo das suas prioridades e interesses, o melhoramento da condição humana em todos os lugares e em todas as dimensões que lhe dizem respeito.

21__O designer deve fazer frente com todas as armas de que disponha a um dos maiores desafios que se lhe colocam, o de remar contra o efémero e o caótico que rege o mundo actual. O designer do futuro deve declarar guerra ao descartável. Ou pelo menos arranjar forma de que todo o descartável volte sempre a desempenhar funções.

22__O designer deve ser um homem de fé, principalmente em si mesmo.

23__O designer do futuro deve ser um sonhador nato, sedento de um mundo mais justo, sendo que o sonho traz-lhe visões e as visões podem tornar-nos visionários.

24__Os designers devem responder a três tipos de necessidades, as de ordem técnica, as de ordem funcional e as de ordem cultural e emocional, sendo que nenhum ente físico criado deve estar destituído de alguma destas preocupações.

25__O designer deve procurar conhecer bem os limites, que se lhe colocam no exercício da sua profissão e daquilo que produz, principalmente os de carácter ético.

26__O design dos designers do futuro deve transcender a sua materialização física e transbordar significações, procurando provocar emoções.

27__O designer deve certificar-se de que o que se propõe realizar num dado projecto corresponde realmente a uma necessidade efectiva e não a um desejo seu.

28__O designer do futuro deve construir um pensamento criativo baseado em alicerces fortes, não com base em modas e fascínios pelo supérfluo.

29__O designer do futuro deve estar plenamente consciente de que é um dos grandes responsáveis por influenciar as experiências do quotidiano tidas por todos nós.

30__O designer do futuro tem a obrigação de ser um homem que procura ser culto.

31__O designer do futuro deve explicar-se de forma simples, de forma acessível, todos o devem conseguir compreender, isto para que o design e a sua especificidade chegue aos compêndios da cultura popular.

32__O designer deve trabalhar sempre que possível em equipas multidisciplinares. Deve sorver informações de várias áreas de conhecimento, pensando assim a sua intervenção com base numa visão mais ampla.

33__O designer deve ser um mediador da relação entre os bens materiais e os utilizadores. 

34__Os utilizadores são os donos dos objectos que o designer cria.

35__O designer do futuro deve proporcionar aos utilizadores a possibilidade de participarem o mais possível no processo que corresponde ao acto de criação de design.

36__O designer deve também ter uma atitude pedagógica face aos utilizadores dos produtos, nomeadamente instigando-os a respeitarem-nos, através de lhes ser transmitida a sua importância.

37__O designer antes de ser designer deve ser um habitante da terra digno de ser designado por Homem. O designer deve ser humano, honesto, modesto e tolerante.
Todo o designer deve intuir que da qualidade do seu desempenho provém grande parcela da qualidade de um ambiente. Pelo que deve procurar que o seu desempenho como profissional seja de excelência sempre.

38__O designer do futuro deve estar muito atento à sua realidade e a outras, sendo nelas proactivo, tendo visão estratégica, espírito de iniciativa, uma ambição controlada no sentido de ter sempre um desempenho melhor, na medida em que isso é positivo quer para eles, quer para os que irão usufruir do que ele criou.

39__O designer do futuro deve respeitar os seus colegas, assim como a si próprio.

8.8.14

O porquê disto, esclarecimentos iniciais

Há uns tempos que comecei a pôr em causa certas coisas na minha postura em relação à vida. É um questionamento recente e ainda só está na rama, mas pode ser finalmente, a mim parece-me que sim, e mais do que isso quero que seja, um questionamento que finalmente leve à formulação de um eu mais firme, mais pleno, efectivamente consolidado.

Das coisas que mais me orgulho em mim, é da capacidade que tenho tido até agora para pensar pela minha cabeça, porém apesar de ser pouco volátil a seguir irracionalmente influências, racionalmente ponho-me vezes demais em causa, sinto-me demasiadas vezes isolada, sem motivo de conversa com a maioria, e isso aflige-me.

Gosto de ser como sou, mas aflige-me não ser como os outros todos, porque isso implica sofrimento e implicou desde que me conheço como ser pensante. Pelo que o processo que está em curso agora em mim envolve ter a certeza de que ser como sou é bom, ponto final paragrafo, ficamos conversados.

Não gosto de falar da vida dos outros de forma superficial e principalmente insensível. Não é uma distracção viável para mim destilar juízos de valor sobre a roupa de sicrana e os sapatos sujos da cigana, a ponta dos cabelos da xpto e quem anda a comer ao fim de semana.

Não gosto de nada que explore como entretenimento, nem de outra maneira qualquer, o pior que os seres humanos têm dentro de si.

Não gosto, na verdade abomino, fico enojada, com vergonha, sem conseguir perceber, os fenómenos em que o mau, a raiar o vergonhoso de facto, é fornecido como plenamente admissível. Para quê tantos programas de caça talentos e tretas se o que é massivamente veiculado é merda? A quantidade de gente a ganhar dinheiro com merda daquela mesmo podre, é tão ostensiva que se torna inacreditável.
A televisão em sinal aberto em Portugal não pode ter outro objectivo sem ser o de embrutecer ainda mais os embrutecidos, deixando-os ainda pior, mas também puxar para o mesmo buraco os mais esclarecidos.

Não gosto da falta de privacidade a que nos subjugámos porque consumimos sofregamente a dos outros.

Não gosto do sofrimento, da morte, da destruição exploradas em directo, informar é preciso, não ter filtros é expor, é desrespeitar, é ocupar espaço à conta da dor plena dos outros.

Não gosto da mulher a quem não chega valer pelo talento, pelo trabalho, pela visão, mas que vale mais do que tudo e que vende mais do que tudo o resto o ser uma máquina sexual.

Revistas cor-de-rosa despoletam em mim um nível de tristeza de uma dimensão insuportável, publicações como o (até me custa escrever, assim como a minha arcnofobia me faz não tocar em aranhas impressas num papel) correio da manhã fazem-me ter vergonha de ser pessoa.

Não gosto de conversas prolongadas sobre unhas, cabelos, calos, borbulhas, rugas, pintelhos, banhas,
mais do que 5 minutos sobre esses assuntos e tenho vontade de vomitar.

Não gosto de discorrer quase como numa tese sobre a superioridade da minha gaveta das cuecas, sobre como é bom ter um armário encastrado, só porque tenho, e o que eu tenho é sempre melhor, excepto no que diz respeito a galinhas, ai alto e para o baile, as da vizinha, sempre as da vizinha.

Não gosto de muita coisa que para a maioria é indiferente, ou que até apreciam muito.

Ai adoro ver como estou bem em comparação com aquela mulherzinha no telejornal em directo do outro lado do mundo, que acabou de ficar sem família e sem casa, deve ser horrível ficar sem casa! Que bem que eu estou! Na minha casa intacta! Porca como eu, mas tão linda! Ai e já viste este lenço que eu comprei hoje! Ai coitada, está desempregada, teve de ir aos caixotes do lixo do supermercado, que tristeza, enfim, estudasse!

Mas este post era para ser sobre o motivo do nascimento deste blog. Trata-se de um meio para alcançar um fim. Trata-se de um trabalho comigo mesma, de aceitação, de esclarecimento, de maturação, se o meu caminho for útil para alguém, melhor, de resto em alguns posts tenho esse objectivo, o de ser útil.

Não tem como objectivo professar nenhuma "religião", quem não quer ler, não quer perceber mas mais que isso faz por não perceber, quer criticar numa de enxovalho, quer envenenar faça o favor de se meter no caralho.

(Quando me irrito tenho um carácter um bocado agressivo, mas cão que ladra não morde?)

E também sou apologista de que não vale a pena chover no molhado e quando não nos identificamos com uma coisa não devemos despender muito tempo com ela pela nossa rica saudinha.

Sou o tipo de pessoa que só discute argumentivamente consigo própria, quando percebo que não falo a mesma língua que alguém, fico por ali e assobio para o lado, lá no fundo não me interessa convencer ninguém efectivamente de nada porque não tenho força suficiente para me dar a esse trabalho.

Mas espera este blog não parece bem ser o meio de professar uma "fé"? E não implica um certo trabalho de persuasão? Implica, na verdade implica.

Bem uma coisa que fique desde já esclarecida, as pessoas são idiossincráticas por natureza, tal como têm mau hálito quando acordam, bem e eu não sou nenhuma excepção que confirma a regra.

Muitas vezes vou incorrer no risco de parecer, quiça ser sem saber, incoerente, mas vou arriscar.



7.8.14

Sobre uma coisinha mainstream

O amplamente divulgado, conhecido e aclamado numa sociedade não é necessariamente bom. O livro que resmas leram, que estava em destaque em todas as livrarias, que acalenta discussões apaixonadas de fans acérrimos pode não ter uma folha que se salve, são tantos e tantos os fenomenos em que o mau tem tanta adesão que os lúcidos se começam a pôr em causa.

 Mas sou eu? O problema é meu? Sou eu que não percebo?

Não sei se é o caso ou não de resto, da publicação de que falo abaixo e de resto também não quero saber, porque ver porno sai mais barato.

Porque é que as 50 Sobras de Grey nunca deviam ter saido do submundo das leituras secretas de cama antes de ir dormir para aliviar o stress?

É um livro sobre mulheres submissas, subjugadas, escravizadas, é sobre uma tara, um fetiche, um devaneio que só cabe num contexto de cama, fora dele é horroroso.

É sobre homens que dominam, que coagem, que se divertem, é sobre predadores sexuais?
Os homens serem "porcos bonitos e maus" já é aceitável porque a beleza desculpa tudo?

                                   

Dentro dela, da cama, é um livro sobre sexo, fora dela é sobre estupidez e degradação humana num grau de desenvolvimento bastante avançado.

O livro em si provavelmente não está mal escrito, pelos vistos empolga e ainda faz uma coisa magnifica, excita, que mal é que isso tem? Nenhum, é optimo, não é o género literário que me causa aversão.

Na verdade o problema não está nem nunca esteve no livro naturalmente, é mais um de muitos no género, o que está em causa não é o livro, é haver tantas mulheres a acharem que já não faz falta existirem tabus, principalmente se não estiverem na moda. (Espero que nunca apareça por ai a de não se usarem cuecas).

Porque somos modernas, estamos no século XXI, num país onde temos essa coisa tão linda, a liberdade de expressão e outras, porque o mundo está tão moderno, tão evoluído, tão liberto de convenções e tradições patéticas, porque agora podemos chafurdar na merda mas não faz mal porque somos livres e fazemos os que nos apetece.

O problema está não no livro mas em existirem mulheres sem descernimento suficiente para pensarem que pode ser perigoso andarem por ai pelos metros do mundo a lerem livros sobre gostar de levar à força, com uma protagonista masoquista e um protagonista sádico, porque como está na moda e todos leêm o seu teor é irrelevante.

À parte se calhar sou só eu que acho que mostrar é mais vulgar que insinuar. (sei que não sou!) Para além de que mostrar está ao alcance dos olhos dos asquerosos todos, esfarrapados e sem dentes, para quem se olha com ar ofendido, tanto como ao alcance dos bonitos para quem nos "desanrranjamos".

O problema é existirem mulheres a darem o grito do epiranga, sobre como a sua sexualidade é uma coisa normal, de que se orgulham. Sexo é uma coisa de que gostam. Não tenho nada contra o conteúdo do grito, subscrevo por baixo baixinho, tenho contra o facto de ser gritado, no geral o que me incomoda no geral é tudo ser tão gritado, mas tão pouco pensado.

Porém tudo isto não passou de um grito mas em silêncio que está escrito.
Grito muito comigo mesma, mas a maior parte das vezes para dentro e não incomodo ninguém.

Se este post também é sobre o pragmatismo e não sei quê? claro que sim, a conclusão é:

Não comprem livros porno se querem poupar uns trocos, vejam na internet que sai mais barato, de facto não dá é para ver no metro, até ao dia, claro.

Aqui fica um artigo de entre muitos que explica melhor do que eu, porque é que o mediatismo a nível mundial de um livro deste teor é perigoso.

http://expresso.sapo.pt/sombras-de-grey-erotismo-ou-violencia-domestica=f825836

A violência contra as mulheres não é uma coisa do tempo dos nossos avós, e aclamar o que a possa quiça fazer parecer admissível é contraproducente.
 




6.8.14

Aproveitar os SALDOS e consumir em nosso próprio proveito

Há vários anos que só compro roupa nos saldos, salvo em raras ocasiões, em que preciso efectivamente de alguma coisa, muito raro de facto, ou em que psicologicamente faço por nutrir a fé mesmo sabendo com todos os meus neurónios que não me estou a tentar ludibriar, que uma camisola nova, um vestido igual ao que todas usam que está super na moda e que é lindíssimo vai curar alguma maleita em mim. Não cura, por momentos até que minimiza mas nunca curou e se algum dia curar é porque me estava a fazer de coitadinha e não me doia nada de verdade, nem uma pontinha da alma, nem um cm do espirito.

Não tenho pouca roupa, apesar de praticamente só comprar nos saldos, mas pelo menos gasto pouco, e isso desanuvia-me a consciência. Acho que é provavel que tenda para ter menos, mas com mais sentido.

Hoje finalmente começo a perceber qual é o meu estilo pessoal e isso é um alívio. Sempre adorei combinar cores, mas agora começo a saber o que comprar no meio da selva que é ir às compras, esse matagal sempre a colocar-nos em causa, sempre a dizer-nos que agora devemos é ter coisas que não temos, que agora só vamos fazer sobressair a nossa beleza com azul bebé e com calças que mostram mais do nosso rabo do que se estivessemos nuas, porque se um cu nu é bonito, umas leggins de rabo ao leu são apenas vulgares.

Bem o que é certo é que assim que as compramos, as tais coisinhas da moda, assim que puxamos do papel, esquecemos a moral, apagamos a culpa, a mesma moda, essa amiga, que nos quer é orientar, bonitas a caminhar na vida, trata de tornar a pecinha nova num trapo obsoleto, porque para quem não sabe quando uma coisa chega ao auje da sua influência imediatamente entra em declineo.

Eles querem vender. Ganhar. Ganhar imenso, muitas vezes para nada. Mas pessoas querem trabalhar, por isso compro, afinal a industria existe para que não andemos nus não é? antes de existir para fazer dinheiro? :) ...sim no fundo temos magnatas altruístas, benfeitores, que não querem que andemos para ai a apanhar frio e a torrar ao sol!



Enfim objecções ao mundo da moda à parte, que eu tal como toda a gente sou uma hipocritazinha, mas atenção que de bom coração, seguem umas 3 DICAS PARA COMPRAR NOS SALDOS porque afinal não podemos andar nus, pelo menos no Inverno, porque no Verão nem seria mal pensado, se bem que era um nojo.

DICA 1_Ir cedo, fugir à confusão, ter tempo e espaço para ver, porque quem não repara bem compra errado

DICA 2_não ir com um estado anímico muito fora do normal, nem muito contente, nem muito triste, que o positivismo é optimista e gasta mais dinheiro, a tristeza precisa de mimos e também sai cara.


DICA 3_Estipular o dinheiro que se vai gastar e saber o que faz falta, quando o dinheiro acabar, acabou-se a febre das coisinhas novas, daqui a menos de meia duzia de meses há mais.






2.8.14

Viagens LOWCOST_viajar ao alcance da vontade

Se a motivação efectivamente existir viajar está ao alcance de quem o quiser fazer, mesmo quando o orçamento de que se dispõe já esteja destinado na sua maior parte a bens de 1ª necessidade. Viajar hoje já não é felizmente um luxo apenas ao alcance de privilegiados.

Um dos meus sonhos/objectivos inabaláveis enraizado há já alguns anos é o de fazer uma viagem por ano, porém um dos traços mais evidentes da minha personalidade é uma certa tendência para a frugalidade, o que não implica aversão a gastar dinheiro, nem quer dizer que viva exclusivamente com o mínimo indispensável, tenho coisas a mais como quase toda a gente.
Porém poupar para mim é uma necessidade, pelo que procuro ir vivendo a vida gastando de forma controlada.

Em 2012 fui a Paris. Gastei no total 320€, é certo que não fui a nenhum restaurante caro, de resto aqui também não vou, não subi à tour Eifel porque não quiz e poupei uns trocos, fiquei num apartamento simpático e simples, com o essêncial, onde fiz a maior parte das refeições. É certo que tive a sorte de conseguir um voo barato, mas mesmo sem ele teria conseguido ir a Paris por 6 dias com no máximo 450€.

Serve este exemplo apenas para evidenciar que é possível cumprir um sonho sem se despender uma fortuna.

Este meu sonho tornou-se inabalável enquanto puder durar pelo facto de na infância/adolescência nunca ter ido praticamente a lado nenhum, o que não me levou a resigna-me à minha sorte e a procurar justamente compensar o tempo perdido.

Neste objectivo de não gastar muito dinheiro nas viagens que vou fazendo o que mais custou e custa sempre é controlar a gula, visto que no geral tenho sempre vontade de comer este mundo e o outro e ainda bem que não posso porque apesar do meu metabolismo ainda colaborar muito comigo, parece que os 30 pregam partidas a muito boa gente elegante.


Deixo então 15 DICAS PARA SE VIAJAR QUANDO O ORÇAMENTO NÃO É GRANDE, ou quando não se quer despender muito dinheiro mas ainda assim não deixar de ir e de ir vendo para além dos limites da nossa rua:

1_ Ficar num apartamento ou num hostel;

2_ Fazer a maior parte das refeições no local da estadia;

3_ Não perder a cabeça com souvenirs, e não os comprar pelo menos nos 2 primeiros dias, para se ter tempo de ir reparando nos preços praticados, caso contrario podemos arrepender-nos de varias compras

4_ Para alem das diversões/visitas culturais pagas, saídas etc, procurar ter conhecimento sobre actividades gratuitas, existem sempre muitas a acontecer. (Existem também cidades, como é o caso de Londres, onde a maior parte dos museus de carácter cultural e pedagógico são gratuitos, como é o caso do museu da ciência ou do Museu Britânico. e ainda outras como é o caso de Paris em que jovens até aos 25 anos residentes na União Europeia não pagam entrada em diversos museus, o mesmo acontece para os idosos)

5_ Levar comida comprada cá. O nível de vida é mais elevado em muitas cidades europeis e naturalmente fora, pelo que para evitar gastar-se o dobro ou o triplo no supermercado vale a pena levar algumas coisas de cá. No meu caso levo mais ou menos coisas consoante o destino e a sua realidade seja mais ou menos distinta da nossa.

6_ Viagens de barco comuns, autocarros turísticos apenas mostram mais um ponto de vista que se pode ter de uma cidade, não são indispensáveis, e muitas vezes são demasiado dispendiosos. É claro que é sempre giro andar de barco, é bonito, geralmente não consideramos que é dinheiro desperdiçado, mas entre andar de barco no Tamisa ou ir a um museu pago de um tema que nos interesse particularmente, o museu tem mais valor intrinseco.
É claro que para um casal apaixonado um passeio de barco pode ser mais emocionante, pelo que a regra é fazer escolhas que estejam em conivências com os gostos pessoais de cada um.

7_ Quando se pode, as pernas colaboram, a melhor maneira de descobrir uma cidade é andando o máximo possível a pé, o que também potencia naturalmente menos gastos.
(quando se anda muito a pé, dias a fio, a qualquer momento uma embalagem de gel para as dores musculares pode fazer muito jeito, fica a dica, vale a pena levar por descargo de consciência)

8_ Procurar numa cidade o tipo de actividades que nos atraem mais e não basear a visita aos sítios clichê que parece mal não visitar, que parece mal dizer-se que não se visitou. Viajar tal como tudo o resto nunca deve servir para ostentar, o fui e o aconteci só nos tornam irritantes. Sei que quem olhar para mim com descrença, quiça um sorrisinho amarelinho, quando disser que não fui à Tour Eifel, não entrei na Sagrada Família e que quando for a Roma não tenho de ver o papa, não vai à minha festa de anos e está o assunto arrumado.

9_ No super mercado, visita obrigatória para quem for então cozinhar a maior parte das refeições, dar primeiro uma volta de reconhecimento para perceber a oferta, pois se há coisas que custam o triplo que em Portugal, há coisas que nos surpreendem pelo preço, diversidade, bom aspecto.

10_ Em países onde a salubridade da agua não for dúbia levar garrafas para ir enchendo ao longo do dia, esta dica é um clássico das dicas para a poupança de rios de dinheiro...

11_ Tal como acontece em Portugal alguns museus têm dias em que a entrada é gratuita ou tem um valor reduzido, alguns como já referi são 100% gratuítos para todos ou para algumas faixas etárias, vale a pena tentar planear tendo em conta essas informações. Por exemplo ir a Paris antes dos 25 torna-se bem mais barato para quem queira ir aos grandes museus da cidade.

12_ Em países onde o clima penda para o ameno, e quando a viagem não tem como fim a pratica de actividades que decorrem directamente de determinadas condições atmosféricas, ponderar viajar em época baixa, que para bastantes destinos significa evitar o fim da primavera e o verão.

13_ Visitas guiadas valem a pena, em potencial podemos aprender muito com elas, reparar em coisas que sem direcionamento não veríamos sozinhos, obter informação sobre coisas que nunca nos passariam pela cabeça, porém representam apenas mais uma maneira de nos apropriarmos de um sitio, sendo que qualquer apropriação é tendencialmente fugaz e superficial, no tempo de que geralmente dispomos para realizar viagens. Geralmente não são muito baratas, por isso se pudermos fazer alguma muito bem se não pudermos um audioguia, um livro ou as nossas pesquisas realizadas antes da jornada também ajudam a que possamos contemplar certos aspectos que nos podiam passar desapercebidos.

14_ Guias de viagem são práticos, alguns são mais completos que outros, mas quando o budget disponível para a viagem não e muito elevado é um gasto dispensávele  podemos dar-lhes uma vista de olhos rápida numa livraria, podemos requisitar na biblioteca, alguns existem por lá mas de resto a informação que existe nesses livros e que é bastante resumida, no geral pode ser obtida na Internet.

15_Para além de se poupar dinheiro poupar tempo também é importante. Porque ter mais tempo significa poder ver mais, ou ver com mais calma conforme se desejar, por essa razão geralmente não abdico de ficar o mais próximo possível do centro da cidade para onde vou, vai ser sempre mais caro, mas é a existência do tempo que faz que não existam para ninguém almoços grátis.

Em conclusão viajar com pouco dinheiro é possível, implica escolhas, implica abdicar de algumas coisas para ganhar outras, implica pôr dinheiro de parte durante mais ou menos tempo, mas compensa sempre o esforço, porque nos mostra que existe vida para além no nosso umbigo tantas vezes com cotão, ensina-nos a relativizar certas coisas, a ser mais tolerantes, a perceber que a diversidade é uma das grandes riquezas do mundo.