18.4.15

Ecobook ou sobre como são boas as boas ideias

Já escrevi muito papel na minha vida, apontamentos e resumos, arte essa na qual me podia ter tornado uma sumidade! Ninguém resumia como eu, ou se calhar sim não sei, mas o que é certo é que sublinhava com gosto, escrevia habilmente com maiúsculas, fazia setas que eram um primor, eu adorava estudar, calhou assim.

Já escrevi também folhas e folhas tremidas sobre o desamor, no tempo em que a única face que lhe conhecia, ao amor isto é, era a da tristeza de gostar sem ter retorno, que nos faz pensar que não existirá maior dor na vida que amar, até que descobrimos que essa é só a dor mais doce e só serve para nos preparar.

Já escrevi listas e listas de coisas de fazer, algumas fiz. Outras percebi que não passavam de tópicos de ingenuidade. No outro dia encontrei uma lista de coisas de que precisava quando tivesse uma casa e tive a minha lição.

As listas que são filhas na ansiedade deviam ser descartadas imediatamente após serem escritas, e poupam-nos a auto-consciência de como já fomos ridículos. Se bem que ser ridículo faz tanto parte como se ser parvo ou orgulhoso.

Enfim mas este artigo é sobre uma coisa que achei uma óptima ideia para, lá está, coisas que escrevemos mas que não precisamos de manter presentes por muito tempo, como para mim é o caso das listas que faço no trabalho sobre as tarefas do dia e que risco com prazer, mas que posso começar a apagar com júbilo.

Ainda não comprei o meu porque não existe nenhum ponto de venda em Lisboa e não me apatece nada pagar os portes por isso vou aguardar.

Entretanto fiz no facebook da marca a pergunta sobre para quando parceria com loja em Lisboa, e os malandros que são muito novos não responderam, ai, ai, ai ai, ai, pensei eu que isso não é boa política, mas pronto não deixo de achar uma óptima ideia na mesma :)

Fica o link caso ainda não conheçam http://ecobook.pt/



17.4.15

Bebés de antigamente


Os humanos anatomicamente modernos originaram-se na África há cerca de 200 mil anos. Mas para o caso nem precisamos de ir tão longe embora esta constatação vá ajudar a reforçar a ideia, assim sendo vamos regredir para já por exemplo 200 anos.

Há 200 anos a esperança média de vida era significativamente mais baixa do que hoje em dia, a taxa de mortalidade infantil assim como todas as outras era muito mais elevada, entretanto evoluímos muito a muitos níveis, nomeadamente no que aos cuidados de saúde diz respeito.

Hoje a maior parte das gravidezes correm bem, a maior parte dos bebés sobrevivem e crescem saudáveis, nos países desenvolvidos. Isto acontece fruto da evolução da medicina, de uma melhor alimentação, da melhor qualidade da água, da existência de saneamento e de melhores condições de segurança e higiene em geral.

Assim sendo é de senso comum que o essencial para os bebés é terem acesso a cuidados pediátricos e à vacinação, serem bem alimentados, estarem limpos, estarem em ambientes seguros, sob vigilância e claro receberem atenção e carinho.

As mães por sua vez são também é de senso comum que tendem para a susceptibilidade, principalmente e naturalmente as de primeira viagem, dado sentimentos de insegurança face ao desconhecido fazerem parte dessa fase da vida da mulher. O que também é transversal é todas quererem dar o melhor aos seus bebés.

Mas quem é que está à espreita, quais lobos vestidos de avozinhas? As marcas.

Por falar em avós, no tempo da minha avó, as fraldas eram de pano, os bebés não tinham carrinhos, andavam ao colo, o cabelo lavava-se com sabão, para evitar as assaduras usava-se vaselina.

A minha mãe cresceu saudável, a maior parte dos seus conterrâneos também.

É certo que os bebés têm uma pele mais nitidamente mais sensível, mas a água é a melhor amiga de um rabinho sujo, rabinhos estes que há 200 mil anos eram limpos por mães anatomicamente iguais a nós, rabinhos estes dos nossos antepassados remotos iguais aos nossos bebés do século XXI.

Dado isto, salvo em situação de doença dermatológica, justifica-se por regra gastar rios de dinheiro em produtos de higiene? Não é a higiene a ausência de sujidade?


Penso que já se tenha tornado claro o ponto onde queria chegar. Mas vou formular a pergunta: Será que os bebés são assim tão complicados e precisam assim de tantas coisas, tão específicas?

Bem, sobre serem complicados, lá disso não duvido, mas mais de metade dos artigos e produtos de puericultura acredito piamente são desnecessários.

Embora este post não tenha como fim colocar as marcas no papel de vilões, porque muitos dos produtos que comercializam são efectivamente e sem sobre de dúvida relevantes, essenciais em casos específicos, mais práticos, etc, outros destinam-se apenas a fazer dinheiro com base na crendice, com recurso à manipulação.

Também é certo que as marcas desempenham um papel importante no que diz respeito à disponibilização de muita informação útil e diversificada em sites muito bem concebidos e atraentes sobres bebés e crianças, mas que têm naturalmente um vínculo forte aos produtos que têm para vender.

Mas sim alguns desses produtos são redundantes e desnecessários. Muitos são desenvergonhadamente caros, e não são sobre hidratação antiassaduras, são sobre o status de insigneas.

Um bebé à 200 anos atrás assim como à 200 mil precisava de condições de higiene para conseguir sobreviver, de que não fizessem experiências cedo demais no que à alimentação diz respeito e de remédios que impedissem o progredir de doenças, o que a maioria das vezes não existia, mas não precisavam de trios de 400€, de hidratantes de 40, de 20 qualidades diferentes e caríssimas de leite de transição e muito menos de sistemas de videovigilância a menos que queiramos enlouquecer.

Em conclusão, mantenhamos o que é relevante existir, mas não alimentemos a sede de lucro de multinacionais. Á que separar o trigo do joio e lembrarmo-nos das nossas avós, que em muitos aspectos tiveram a vida muito mais dificultada, (lavaram muita fralda e à mão, coisa que de resto nós se decidirmos usar fraldas de pano não teremos de fazer, e sim nem só de fraldas descartáveis pode viver um bebé,) mas nós estarmos cá significa que se safaram bem.

Com os trocos poupados a minha sugestão é que se invistam em experiências.