26.9.15
Longe da vista longe do coração, ou como a realidade coloca longe o que podia ficar perto
As juras que implicam a manutenção de amizades para sempre são tão verosímeis quando as afirmações/desejos sinceros, implícitos ou explícitos de que se viverá feliz eternamente, principalmente associados a fases precoces de relacionamentos, nomeadamente a fase da paixão.
Eu já fiz juras desse género. Achei possível faze-las, já não acho, coloca pressão e a desilusão é maior caso a coisa esmoreça porque nunca foi o que pensamos que era, ou o que poderia ser, ou que até sendo acabou na mesma.
As juras de amizades eterna até são bem intencionadas, mas qualquer animal privado de alimento morre e a amizade é um animal.
De nada valerá jurar se não se puder jurar ter, por sua vez tempo (que só se arranja quando se quer) para alimentar o animal.
Animal este que come compreensão, interesse, positivismo, vontade, animal este que é muito susceptível ao desdém e à falta de consideração, ao desinteresse entre muitas outras coisas mais graves até mas que custam a acreditar.
E quem está longe da vista fica longe do coração...a maior parte das vezes.
A amizade dá trabalho, umas vezes mais, outras vezes menos mas as distracções são tantas e tão diversas, e nós enfim...
Não sou a amiga perfeita e nunca vou ser porque isso não existe, mas vou fazendo o esforço de ser amiga, porque sim ser amiga dá trabalho, ocupa tempo, às vezes pode custar dinheiro. O de ir, o de almoçar, o de oferecer porque aconteceu uma coisa especial. Ás vezes até perdemos a paciência, mas quando a amizade é verdadeira assim como a empatia não deixamos de lhe dar de comer.
Estou decidida a deixar de andar atrás de pessoas, excepto em filas, de resto estou decidida a praticar hoje e sempre a auto-suficiência, porque connosco mesmos nunca estamos sozinhos, nunca estamos dependentes, ou estamos, mas só de nós.
Não quero ser dependente de amigos nem de ningúem. As pessoas desiludem-nos, mas no fundo nós desiludimo-nos mais a nós próprios por ainda sermos susceptíveis à falta de interesse demonstrada pelos outros, de resto afinal de contas existe mundo para além de nós, mas o nosso mundo somos sempre nós e o resto.
Da minha parte tenho a certeza que não sendo a amiga perfeita de ninguém, esforço-me por estar em pleno quando estou, por ouvir em pleno quando vou, e tenho interesse genuíno nas pessoas que considero minhas amigas.
Algumas estou a deixar de considerar. De resto o meu avô que como todos os avós já passou por muito mais do que cada um de nós consegue imaginar, sempre disso uma coisa, que só agora começo a perceber realmente.
Só faz falta quem está. Assim é.
Longe da vista pode não ser longe do coração, mas é preciso querer, de resto o que não falta são pessoas e algumas podem tornar-se amigas, se para sempre não sei, mas que seja bom enquanto dure e que não acabe com grande desilusão.
Este post é um desabafo :) de resto, as carapuças já estão enfiadas antes de ele ter sido escrito, toda a gente vai sabendo o que faz, como faz e porque faz, às vezes é sem querer, a maioria até talvez mas fica feito.
Da minha parte por uma questão de amadurecimento vou sacudir a árvore e deixar cair quem quiser nitidamente desprender-se. Não vou apanhar, prender com uma mola e esperar que o vento não leve de novo, já não tenho idade para subir a árvores. Agora a minha cena é regar plantas.
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