Os humanos anatomicamente modernos originaram-se na África há cerca de 200 mil anos. Mas para o caso nem precisamos de ir tão longe embora esta constatação vá ajudar a reforçar a ideia, assim sendo vamos regredir para já por exemplo 200 anos.
Há 200 anos a esperança média de vida era significativamente mais baixa do que hoje em dia, a taxa de mortalidade infantil assim como todas as outras era muito mais elevada, entretanto evoluímos muito a muitos níveis, nomeadamente no que aos cuidados de saúde diz respeito.
Hoje a maior parte das gravidezes correm bem, a maior parte dos bebés sobrevivem e crescem saudáveis, nos países desenvolvidos. Isto acontece fruto da evolução da medicina, de uma melhor alimentação, da melhor qualidade da água, da existência de saneamento e de melhores condições de segurança e higiene em geral.
Assim sendo é de senso comum que o essencial para os bebés é terem acesso a cuidados pediátricos e à vacinação, serem bem alimentados, estarem limpos, estarem em ambientes seguros, sob vigilância e claro receberem atenção e carinho.
As mães por sua vez são também é de senso comum que tendem para a susceptibilidade, principalmente e naturalmente as de primeira viagem, dado sentimentos de insegurança face ao desconhecido fazerem parte dessa fase da vida da mulher. O que também é transversal é todas quererem dar o melhor aos seus bebés.
Mas quem é que está à espreita, quais lobos vestidos de avozinhas? As marcas.
Por falar em avós, no tempo da minha avó, as fraldas eram de pano, os bebés não tinham carrinhos, andavam ao colo, o cabelo lavava-se com sabão, para evitar as assaduras usava-se vaselina.
A minha mãe cresceu saudável, a maior parte dos seus conterrâneos também.
É certo que os bebés têm uma pele mais nitidamente mais sensível, mas a água é a melhor amiga de um rabinho sujo, rabinhos estes que há 200 mil anos eram limpos por mães anatomicamente iguais a nós, rabinhos estes dos nossos antepassados remotos iguais aos nossos bebés do século XXI.
Penso que já se tenha tornado claro o ponto onde queria chegar. Mas vou formular a pergunta: Será que os bebés são assim tão complicados e precisam assim de tantas coisas, tão específicas?
Bem, sobre serem complicados, lá disso não duvido, mas mais de metade dos artigos e produtos de puericultura acredito piamente são desnecessários.
Embora este post não tenha como fim colocar as marcas no papel de vilões, porque muitos dos produtos que comercializam são efectivamente e sem sobre de dúvida relevantes, essenciais em casos específicos, mais práticos, etc, outros destinam-se apenas a fazer dinheiro com base na crendice, com recurso à manipulação.
Também é certo que as marcas desempenham um papel importante no que diz respeito à disponibilização de muita informação útil e diversificada em sites muito bem concebidos e atraentes sobres bebés e crianças, mas que têm naturalmente um vínculo forte aos produtos que têm para vender.
Mas sim alguns desses produtos são redundantes e desnecessários. Muitos são desenvergonhadamente caros, e não são sobre hidratação antiassaduras, são sobre o status de insigneas.
Um bebé à 200 anos atrás assim como à 200 mil precisava de condições de higiene para conseguir sobreviver, de que não fizessem experiências cedo demais no que à alimentação diz respeito e de remédios que impedissem o progredir de doenças, o que a maioria das vezes não existia, mas não precisavam de trios de 400€, de hidratantes de 40, de 20 qualidades diferentes e caríssimas de leite de transição e muito menos de sistemas de videovigilância a menos que queiramos enlouquecer.
Em conclusão, mantenhamos o que é relevante existir, mas não alimentemos a sede de lucro de multinacionais. Á que separar o trigo do joio e lembrarmo-nos das nossas avós, que em muitos aspectos tiveram a vida muito mais dificultada, (lavaram muita fralda e à mão, coisa que de resto nós se decidirmos usar fraldas de pano não teremos de fazer, e sim nem só de fraldas descartáveis pode viver um bebé,) mas nós estarmos cá significa que se safaram bem.
Com os trocos poupados a minha sugestão é que se invistam em experiências.
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