2.8.14

Viagens LOWCOST_viajar ao alcance da vontade

Se a motivação efectivamente existir viajar está ao alcance de quem o quiser fazer, mesmo quando o orçamento de que se dispõe já esteja destinado na sua maior parte a bens de 1ª necessidade. Viajar hoje já não é felizmente um luxo apenas ao alcance de privilegiados.

Um dos meus sonhos/objectivos inabaláveis enraizado há já alguns anos é o de fazer uma viagem por ano, porém um dos traços mais evidentes da minha personalidade é uma certa tendência para a frugalidade, o que não implica aversão a gastar dinheiro, nem quer dizer que viva exclusivamente com o mínimo indispensável, tenho coisas a mais como quase toda a gente.
Porém poupar para mim é uma necessidade, pelo que procuro ir vivendo a vida gastando de forma controlada.

Em 2012 fui a Paris. Gastei no total 320€, é certo que não fui a nenhum restaurante caro, de resto aqui também não vou, não subi à tour Eifel porque não quiz e poupei uns trocos, fiquei num apartamento simpático e simples, com o essêncial, onde fiz a maior parte das refeições. É certo que tive a sorte de conseguir um voo barato, mas mesmo sem ele teria conseguido ir a Paris por 6 dias com no máximo 450€.

Serve este exemplo apenas para evidenciar que é possível cumprir um sonho sem se despender uma fortuna.

Este meu sonho tornou-se inabalável enquanto puder durar pelo facto de na infância/adolescência nunca ter ido praticamente a lado nenhum, o que não me levou a resigna-me à minha sorte e a procurar justamente compensar o tempo perdido.

Neste objectivo de não gastar muito dinheiro nas viagens que vou fazendo o que mais custou e custa sempre é controlar a gula, visto que no geral tenho sempre vontade de comer este mundo e o outro e ainda bem que não posso porque apesar do meu metabolismo ainda colaborar muito comigo, parece que os 30 pregam partidas a muito boa gente elegante.


Deixo então 15 DICAS PARA SE VIAJAR QUANDO O ORÇAMENTO NÃO É GRANDE, ou quando não se quer despender muito dinheiro mas ainda assim não deixar de ir e de ir vendo para além dos limites da nossa rua:

1_ Ficar num apartamento ou num hostel;

2_ Fazer a maior parte das refeições no local da estadia;

3_ Não perder a cabeça com souvenirs, e não os comprar pelo menos nos 2 primeiros dias, para se ter tempo de ir reparando nos preços praticados, caso contrario podemos arrepender-nos de varias compras

4_ Para alem das diversões/visitas culturais pagas, saídas etc, procurar ter conhecimento sobre actividades gratuitas, existem sempre muitas a acontecer. (Existem também cidades, como é o caso de Londres, onde a maior parte dos museus de carácter cultural e pedagógico são gratuitos, como é o caso do museu da ciência ou do Museu Britânico. e ainda outras como é o caso de Paris em que jovens até aos 25 anos residentes na União Europeia não pagam entrada em diversos museus, o mesmo acontece para os idosos)

5_ Levar comida comprada cá. O nível de vida é mais elevado em muitas cidades europeis e naturalmente fora, pelo que para evitar gastar-se o dobro ou o triplo no supermercado vale a pena levar algumas coisas de cá. No meu caso levo mais ou menos coisas consoante o destino e a sua realidade seja mais ou menos distinta da nossa.

6_ Viagens de barco comuns, autocarros turísticos apenas mostram mais um ponto de vista que se pode ter de uma cidade, não são indispensáveis, e muitas vezes são demasiado dispendiosos. É claro que é sempre giro andar de barco, é bonito, geralmente não consideramos que é dinheiro desperdiçado, mas entre andar de barco no Tamisa ou ir a um museu pago de um tema que nos interesse particularmente, o museu tem mais valor intrinseco.
É claro que para um casal apaixonado um passeio de barco pode ser mais emocionante, pelo que a regra é fazer escolhas que estejam em conivências com os gostos pessoais de cada um.

7_ Quando se pode, as pernas colaboram, a melhor maneira de descobrir uma cidade é andando o máximo possível a pé, o que também potencia naturalmente menos gastos.
(quando se anda muito a pé, dias a fio, a qualquer momento uma embalagem de gel para as dores musculares pode fazer muito jeito, fica a dica, vale a pena levar por descargo de consciência)

8_ Procurar numa cidade o tipo de actividades que nos atraem mais e não basear a visita aos sítios clichê que parece mal não visitar, que parece mal dizer-se que não se visitou. Viajar tal como tudo o resto nunca deve servir para ostentar, o fui e o aconteci só nos tornam irritantes. Sei que quem olhar para mim com descrença, quiça um sorrisinho amarelinho, quando disser que não fui à Tour Eifel, não entrei na Sagrada Família e que quando for a Roma não tenho de ver o papa, não vai à minha festa de anos e está o assunto arrumado.

9_ No super mercado, visita obrigatória para quem for então cozinhar a maior parte das refeições, dar primeiro uma volta de reconhecimento para perceber a oferta, pois se há coisas que custam o triplo que em Portugal, há coisas que nos surpreendem pelo preço, diversidade, bom aspecto.

10_ Em países onde a salubridade da agua não for dúbia levar garrafas para ir enchendo ao longo do dia, esta dica é um clássico das dicas para a poupança de rios de dinheiro...

11_ Tal como acontece em Portugal alguns museus têm dias em que a entrada é gratuita ou tem um valor reduzido, alguns como já referi são 100% gratuítos para todos ou para algumas faixas etárias, vale a pena tentar planear tendo em conta essas informações. Por exemplo ir a Paris antes dos 25 torna-se bem mais barato para quem queira ir aos grandes museus da cidade.

12_ Em países onde o clima penda para o ameno, e quando a viagem não tem como fim a pratica de actividades que decorrem directamente de determinadas condições atmosféricas, ponderar viajar em época baixa, que para bastantes destinos significa evitar o fim da primavera e o verão.

13_ Visitas guiadas valem a pena, em potencial podemos aprender muito com elas, reparar em coisas que sem direcionamento não veríamos sozinhos, obter informação sobre coisas que nunca nos passariam pela cabeça, porém representam apenas mais uma maneira de nos apropriarmos de um sitio, sendo que qualquer apropriação é tendencialmente fugaz e superficial, no tempo de que geralmente dispomos para realizar viagens. Geralmente não são muito baratas, por isso se pudermos fazer alguma muito bem se não pudermos um audioguia, um livro ou as nossas pesquisas realizadas antes da jornada também ajudam a que possamos contemplar certos aspectos que nos podiam passar desapercebidos.

14_ Guias de viagem são práticos, alguns são mais completos que outros, mas quando o budget disponível para a viagem não e muito elevado é um gasto dispensávele  podemos dar-lhes uma vista de olhos rápida numa livraria, podemos requisitar na biblioteca, alguns existem por lá mas de resto a informação que existe nesses livros e que é bastante resumida, no geral pode ser obtida na Internet.

15_Para além de se poupar dinheiro poupar tempo também é importante. Porque ter mais tempo significa poder ver mais, ou ver com mais calma conforme se desejar, por essa razão geralmente não abdico de ficar o mais próximo possível do centro da cidade para onde vou, vai ser sempre mais caro, mas é a existência do tempo que faz que não existam para ninguém almoços grátis.

Em conclusão viajar com pouco dinheiro é possível, implica escolhas, implica abdicar de algumas coisas para ganhar outras, implica pôr dinheiro de parte durante mais ou menos tempo, mas compensa sempre o esforço, porque nos mostra que existe vida para além no nosso umbigo tantas vezes com cotão, ensina-nos a relativizar certas coisas, a ser mais tolerantes, a perceber que a diversidade é uma das grandes riquezas do mundo.


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